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Apesar de preço, calçados brasileiros ganham espaço no Oriente Médio

Plano de expansão inclui agente de negócios fixo e franquia internacional.
Europa também tem sido vista como uma oportunidade de negócios.

Mercado exigente, de alto poder aquisitivo, o Oriente Médio tem sido atraído pelo alto valor agregado dos calçados brasileiros – ainda que os preços não sejam os mais atrativos, quando comparados aos asiáticos ou africanos. Hoje, os países da região já começam a se igualar aos tradicionais compradores dos produtos nacionais, como Estados Unidos, Argentina, Reino Unido e Itália.
“Os sapatos brasileiros são mais fashion que os do resto do mundo. Passeamos pela Itália e percebemos que as coleções de inverno não ficam muito atrás, mas ainda assim preferimos comprar de vocês”, disse o comprador israelense Arnon Yagur, em visita à maior feira do setor de couro e calçados no Brasil, a Couromoda, enquanto concluía seus pedidos no espaço de um fabricante gaúcho.
Arnon Yagur e Yaniv Bahmin, compradores israelenses fazem compras durante a Couromoda, em São Paulo. "Os sapatos brasileiros são mais fashion que os do resto do mundo."
Arnon Yagur e Yaniv Bahmin, israelenses, fazem compras durante a Couromoda, em São Paulo.
Porém, quando se trata de sapatos masculinos, os compradores exigem mais conforto que design, segundo conta Tulio Hajel, diretor da Francajel, uma das mais antigas fábricas de calçados desse segmento do país, instalada em Franca, um dos pólos industriais brasileiros. “Exportamos mais sapatos casuais e sandálias para o Oriente Médio, mais confortáveis, ao contrário do que acontece com os compradores europeus, que preferem mais design”, afirmou.
Para expandir a presença no mercado internacional, a indústria brasileira de calçados vem buscando diversificar seus mercados e intensificar as relações comerciais com parceiros tradicionais. Nessa tentativa, que tende a render resultados positivos, considerando a reconhecida qualidade dos produtos brasileiros e a agilidade logística, os fabricantes miram suas atenções no Oriente Médio e na Europa, contratando agentes de negócios e planejando a venda de franquias nesses países.
Loja de calçados em Riad, na Arábia Saudita. Oitenta por cento dos produtos são da grife brasileira Jorge Bischoff.
Loja de calçados em Riad, na Arábia Saudita. Oitenta
por cento dos produtos são da grife brasileira Jorge
Bischoff.
Em algumas lojas da Arábia Saudita, além do sapato brasileiro, o visual das vitrines também foi "importado". Em uma loja de calçados multimarcas aberta por um empresário da região em Riad, capital do país, 80% dos sapatos são da grife Jorge Bischoff e a instalação, quase idêntica à da grife.
“Eles vieram para o Brasil, conheceram a loja da Oscar Freire [na capital paulista] e quiseram montar uma igual. Não é uma loja própria porque ainda estamos planejando as franquias internacionais da marca, mas é igualzinha”, disse o designer de sapatos, bolsas e acessórios Jorge Bischoff. A previsão da grife é que as franquias internacionais sejam instaladas em 2012.
Claudio Coelho, diretor comercial da Via Scarpa, de Santa Catarina.
Claudio Coelho, diretor comercial da Via Scarpa, de
Santa Catarina.
A Itália é aqui

Diante da perda da competitividade da indústria calçadista local, a Europa tem sido vista como uma oportunidade de negócios. Depois de chegar aos mercados inglês e italiano, o setor calçadista brasileiro quer aproveitar outras fontes.
“Nós estamos fazendo um trabalho na França. A França já está parando de produzir sapatos e já compra do país [Brasil]. Vende-se bem para a Espanha também. O alemão é mais pragmático, ainda está indo muito para a China. Mas aquela parte da Alemanha com conteúdo de moda fashion ainda compra da Itália e do Brasil”, disse o presidente da Feira Internacional de Calçados, Artigos Esportivos e Artefatos de Couro (Couromoda) e diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Francisco Santos.
A fabricante Via Scarpa, de Santa Catarina, quer contar com um agente de negócios brasileiro que more na Europa e possa servir de elo entre os países da região e o Brasil. “Facilita e muito a negociação. Fica mais ágil”, disse o diretor comercial, Claudio Coelho. Hoje, a fábrica produz 3,4 milhões de pares por ano e vende 50 mil para os Estados Unidos, Inglaterra, Bolívia e Venezuela.
“Nossa exportação ainda é bem tímida. Estamos vendendo para fora há apenas quatro anos, mas, mesmo pouco, ainda é bom vender em euro”, brincou Coelho, durante participação na Couromoda.

Até os compradores italianos estão se rendendo aos produtos brasileiros. “Estamos recebendo visitantes de todos os países, até da Itália, que é um grande pólo mundial calçadista. Nossas exportações estão aumentando em todos os mercados”, afirmou Hajel, da Francajel.
Entre os países que ainda têm pouca penetração de produtos brasileiros, a fábrica de Franca quer atingir a Rússia, pouco explorada pela proximidade com a China. “Eles estão muito perto da China. Acabam comprando deles. Mas temos intenção de chegar lá também”, comentou.
Entrada da Francajel, na Couromoda, recebe visitante com boas vindas em várias linguas.
Entrada da Francajel, na Couromoda, recebe
visitante com boas vindas em várias linguas.
Congresso Europeu no Brasil

Neste ano, será realizado o 4º Congresso Europeu de Calçados. “O Brasil foi recomendado pela confederação europeia, pela proximidade do país com a moda, pelo design dos produtos”, contou Christine de Coene, da Confederação Europeia da Indústria Calçadista, que veio de Bruxelas à São Paulo para inspecionar a Couromoda e planejar a realização do congresso.
Branding tipo exportação

Além de o momento ser propício para exportar os produtos brasileiros, também é para levar a marca brasileira para fora, segundo Ramão Reichert, diretor de criação da grife Madre.
“Estamos trabalhando o comércio internacional, mas não só o produto, a marca também. O mercado internacional está atento a isso. Eles estão vindo para cá para ver o que é marca e o que é produto. O Brasil precisa vender sapatos com marcas próprias, tem que posicionar suas marcas dentro do mercado”, disse. Segundo Reichert, a Madre vende para Estados Unidos, Inglaterra, Portugal e Bora Bora, na Polinésia Francesa.
Em números

As estimativas do setor apontam que, em 2010, foram exportados perto de 140 milhões de pares de calçados, movimentando cerca de US$ 1,4 bilhão. Em 2007, os negócios somaram US$ 1,9 bilhão. Nos anos seguintes, a queda se manteve. Em 2008, as vendas chegaram a US$ 1,8 bilhão e, em 2009, caíram para US$ 1,3 bilhão.

"O setor está saudável, mas estamos atentos à condução política do país neste início de ano. Temos de esperar do governo medidas que melhorem e devolvam nossa competitividade no mercado internacional, além de uma política tributária mais equilibrada e da resolução dos gargalos de infraestrutura e logística que fazem parte do Custo Brasil”, disse o presidente da Couromoda. A capacidade de produção da cadeia brasileira deverá atingir 1 bilhão de pares por ano em 2012.
Para o diretor da Abicalçados, a política antidumping adotada pelo governo para inibir a importação de itens chineses ajudaram o setor calçadista. No entanto, a proposta dos fabricantes para este ano é propor que as medidas sejam ampliadas para outros países, como Vietnã, Malásia e Indonésia.
Entre os mercados importadores dos produtos nacionais estão Estados Unidos, que lideram as compras, seguido por Argentina, Reino Unido e Itália. Neste ano, do total de 860 milhões de pares produzidos, perto de 140 milhões foram exportados.